terça-feira, 11 de setembro de 2012

Michael Jackson desafina

                      
(Bruno Garcia analisa Pedro Henrique Monteiro: cena de Michael e Eu)

Em junho de 2009, quando Michael Jackson morreu, prematuramente, aos 50 anos, o operador de áudio Leandro Lapagesse não teve dúvida: partiu para o velório do cantor em Los Angeles. Não era para menos: ele é dono de uma coleção de 10 000 itens relacionados ao astro e ainda ostenta cinco tatuagens em homenagem ao ídolo. Esse personagem singular inspira Michael e Eu, comédia dramática de Marcelo Pedreira com direção de Ivan Sugahara, em cartaz no Teatro do Leblon. 

No palco, Leo (Pedro Henrique Monteiro) é o alter ego de Lapagesse. Fã obcecado, ele surta quando o cantor morre. O maior símbolo de sua eterna conexão com o astro é a pulseirinha que ganhou para entrar no funeral de Jackson — e não consegue arrancar. Desesperado, procura Doc (Bruno Garcia), um psicólogo iconoclasta. A boa premissa se esvai no texto raso de Pedreira, uma sucessão de cenas muito parecidas, com médico e paciente em confronto por causa dos hábitos esquisitos de Jackson. Nada parece encaminhá-los para o desfecho do espetáculo. A inserção de videoclipes do cantor ao longo da montagem emperra a dramaturgia, mas garante a empatia de quem conhece as músicas. É o que diverte a plateia, ao lado da atuação de Garcia. O ator consegue dar graça a um personagem pouco desenvolvido.

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